Herpetofauna da Serra do Cipó

“Jardim do Brasil”. Foi assim que o paisagista Burle Marx nomeou, em 1950, a Serra do Cipó, uma das formações geológicas mais exuberantes do mundo. Localizada na porção sul da Cadeia do Espinhaço, a serra é um divisor das bacias hidrográficas do Rio São Francisco e Rio Doce, que engloba partes dos municípios de Santana do Riacho, Jaboticatubas, Morro do Pilar, Nova União e Itambé do Mato Dentro, no Estado de Minas Gerais.

A origem do nome mais aceita vem do rio Cipó, que é assim chamado devido a sua sinuosidade. O rio desce a serra fazendo curvas em uma enorme baixada arenosa, que em seguida torna-se pedregosa e encachoeirada, formando belíssimas corredeiras. A topografia acidentada e a grande quantidade de nascentes formam diversos rios, cachoeiras, piscinas naturais, cânions e cavernas na região, conferindo uma beleza extraordinária e cênica.

Na parte baixa da serra predomina a vegetação de cerrado e na região mais alta são encontrados os campos rupestres, fitofisionomia da Mata atlântica. O relevo acidentado e as diferenças climáticas culminaram em uma das regiões mais ricas em diversidade florística do mundo, com grau de endemismo altíssimo. A fauna é também muito rica. Dentre os grupos relativamente bem estudados na Serra do Cipó está o dos anfíbios, que foram tratados em estudos diversos e que continuam a ser estudados. Atualmente tem-se o conhecimento de aproximadamente 58 espécies na região.

As belezas naturais e fauna e flora exuberantes atraíram muitos estudiosos e naturalistas para a Serra do Cipó a partir do século XVIII. Peter Lund, George Langsdorff, Eugene Warming, Johann Spix, Carl Martius, Saint Hilaire e Álvaro da Silveira são alguns dos grandes nomes da ciência que fizeram relatos sobre a natureza e a sua importância científica.

Parte desse patrimônio biológico foi transformado em unidade de conservação, que se deu através da iniciativa dos próprios moradores locais. Em 1975, foi então criado o Parque Estadual da Serra do Cipó e em vista do constante interesse de pesquisadores pela área, em 1981, o Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal – IBDF – criou uma comissão para estudar a viabilidade de transformar o Parque Estadual em Parque Nacional, devido sua importância biológica. Em 25 de setembro de 1984, foi publicado oficialmente a criação do Parque Nacional da Serra do Cipó.