PAN ESPINHAÇO
1º CICLO

<Inserir – resumo sobre o PAN – ano de criação e finalização do 1 ciclo>

Biodiversidade na Serra do Espinhaço

Na cadeia do Espinhaço, particularmente na Serra do Cipó, encontra-se o maior grau de endemismo da flora brasileira e um notável endemismo da fauna. Com um imenso manancial, apresenta-se como um importante divisor de águas entre as Bacias do rio São Francisco e outros rios que drenam diretamente para o Atlântico.

A vegetação nomeada como Campos Rupestres distingue a Serra do Espinhaço de outras regiões do mundo. Localizada acima de 900 metros, esses campos floridos se formam sobre solos rasos, pedregosos ou arenosos em altiplanos atravessados por rios e exuberantes cachoeiras que cortam blocos rochosos de grandes dimensões.

Os campos rupestres são formados por ricos mosaicos de comunidades vegetais sob controle do relevo local, natureza do substrato e microclima, cujo conhecimento é ainda incipiente devido à sua megadiversidade e complexidade. É um ecossistema extremamente frágil e de baixa resiliência. Uma vez rompido o delicado elo desta vegetação com o ambiente, parece haver poucas chances de ocorrer uma regeneração espontânea.

As características biológicas e geomorfológicas do maciço do Espinhaço oferecem condições excepcionais para o desenvolvimento de pesquisas científicas. São especialmente importantes aquelas que visam estudos de fluxo gênico entre suas diversas regiões, bem como as ações para facilitar esse fluxo através da implantação de corredores ecológicos e mosaicos de unidades de conservação.

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Herpetofauna na Serra do Espinhaço

Ao mesmo tempo em que o difícil acesso permitiu que algumas áreas do Espinhaço se mantivessem preservadas, ele também dificultou que grandes coletas de anfíbios e répteis fossem feitas na região. No sec. XIX alguns naturalistas visitaram o Espinhaço, como Friedrich Sellow, Heinrich von Langsdorff, Hermann Burmeister, Johann Spix e Karl Martius, e Johannes Reinhardt. Porém, poucas espécies foram descritas nesse período com base em material oriundo da cordilheira, como o lagarto Heterodactylus lundii.

Foi durante as décadas de 1960 e 1970 que a maior parte das espécies de anfíbios endêmicas da porção sul do Espinhaço foram identificadas e/ou descritas, por Werner Bokermann e Ivan Sazima. No que diz respeito aos répteis, houve descrições isoladas de algumas espécies entre as décadas de 1960 e 1980, como Placosoma cipoense, Anotosaura brachylepis e Gymnodactylus guttulatus. Destaque deve ser dado às coletas e descrições de lagartos realizadas por Miguel Trefaut e sua equipe a partir de 1981.

Como consequência da nossa ignorância, sabemos ainda muito pouco acerca da taxonomia, distribuição geográfica, biologia e, consequentemente, do status de conservação de muitas espécies da herpetofauna do Espinhaço. Contudo, tal panorama vem mudando. Importantes trabalhos de ecologia de comunidades, inventários e história natural foram publicados nos últimos anos e têm contribuído para aumentar o conhecimento sobre a herpetofauna do Espinhaço. Dez espécies de anuros e onze de répteis endêmicas do Espinhaço foram descritas nos últimos cinco anos, muitas delas fruto do trabalho de novos taxonomistas. Ainda assim, o pequeno número de pesquisadores em relação à extensa área e o grande número de espécies a ser estudada, aliado ao tímido apoio institucional e de órgãos de fomento à pesquisa básica – como a taxonomia e história natural – muitas vezes taxada de pouco relevante, fazem com que a rica diversidade dessa cadeia de montanhas seja ainda pouco conhecida.

O conhecimento atual permite, contudo, afirmar que a Serra do Espinhaço abriga uma herpetofauna extremamente rica, incluindo espécies endêmicas, de ampla distribuição ou típicas de cada um dos biomas nos quais está inserida (i.e. Mata Atlântica, Cerrado e Caatinga). São conhecidas 162 espécies de anuros na Serra do Espinhaço, das quais 47 espécies são endêmicas. Esse número é certamente subestimado, visto que muitas espécies endêmicas ainda aguardam por descrições formais. Destaque pode ser dado ao grupo de Bokermannohyla pseudopseudis; seis das nove espécies desse grupo são endêmicas do Espinhaço, sendo esta a região com o maior número de espécies do grupo. Para os répteis, cálculos preliminares apontam a presença de 193 espécies, das quais 19 são endêmicas (Henrique Costa, obs. pess.). Assim como no caso de anfíbios, esses valores tendem a aumentar, uma vez que alguns táxons ainda aguardam descrição formal. Lagartos constituem a maior parcela de répteis endêmicos do Espinhaço (13 spp.), seguido das serpentes (4 spp.) e anfisbenas (2 spp.).

Alguns táxons da herpetofauna do Espinhaço merecem atenção por apresentarem distribuição conhecida restrita à localidade tipo, como Amphisbaena metallurga, A. uroxena, Enyalius erythroceneus, Gymnodactylus vanzolinii, Heterodactylus septentrionalis, Tropidurus mucujensis, Bokermannohyla juiju, Corythomantis galeata, Proceratophrys redacta e Scinax pinima.

 

-Heterodactylus septentrionalis, espécie conhecida apenas para Mucugê (Bahia), na Chapada Diamantina. Foto: Mauro Teixeira Júnior

 

As regiões que apresentam o maior número de espécies endêmicas são a Serra do Cipó, em Minas Gerais, onde ocorrem 18 endemismos de anuros e dois de répteis, e a porção sul da Chapada Diamantina (Serra do Sincorá e complexo serrano Almas/Barbado), na Bahia, onde ocorrem ao menos seis anuros e sete répteis endêmicos. Outras regiões do Espinhaço que também merecem destaque por abrigar espécies endêmicas da herpetofauna são o Quadrilátero Ferrífero, o Pico do Itambé e a Serra do Cabral, em Minas Gerais.

Anfíbios e répteis são os grupos de vertebrados com o maior número de espécies endêmicas no Espinhaço. Esses grupos superam em muito o número de espécies endêmicos da região, de peixes (27)  aves (6), e mamíferos (2). Nesse sentido, a elevada riqueza e a distribuição frequentemente restrita a uma área relativamente pequena, quando comparada à de outros grupos, fazem dos anfíbios e répteis possivelmente os melhores grupos de vertebrados indicadores para o planejamento da conservação do Espinhaço.

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Estatísticas do PAN da Herpetofauna do Espinhaço

~350

Espécies da Herpetofauna

Foram reunidos xx especialistas mapear problemas e buscas soluções e politicas publicas que visem a proteção das espécies alvo

10Km²

Área

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5257

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Espécies-foco e beneficiadas

Acratosaura spinosa

Lagartinho-espinhoso

Onde ocorre: distrito de Cacavel, em Mucugê, Chapada Diamantina, Bahia.

Habitat: campo rupestre.

Tamanho: cerca de 5cm de comprimento do corpo; a cauda pode medir maisde 7cm.

Espécie rara, encontrada em área de campo rupestre entre 990 e 1250 metros de altitude. Seu corpo possui escamas com uma quilha central, que lhe renderam o nome. Pouco se sabe sobre sua biologia, sendo considerada uma espécie deficiente em dados.

Espécie contemplada pelo PAN Herpetofauna do Espinhaço.

Ocorre no distrito de Cascavel, em Mucugê, Chapada Diamantina, Bahia.

 

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Amerotyphlops yonenagae

Cobra-cega-das-dunas

Onde ocorre: dunas de Santo Inácio (Gentio do Ouro), margem direita do rio São Francisco, Bahia.

Habitat: solos arenosos em ambiente de dunas.

Tamanho: cerca de 10 centímetros de comprimento.

Esta pequena serpente vive enterrada no solo arenoso. É ativa durante a noite e alimenta-se de larvas de insetos. Não é peçonhenta. Seus olhos são bastante reduzidos, e por isso é chamada de cobra-cega. Está ameaçada de extinção.

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Amphisbaena uroxena

Anfisbena-de-cauda-estranha

Onde ocorre: conhecida apenas para o distrito de Cascavel, em Mucugê, na Chapada Diamantina (Bahia).

Habitat: ambientes de mata (carrasco).

Tamanho: até 16 centímetros de comprimento.

Anfisbenas são répteis também conhecidos como “cobras-de-duas-cabeças”, pois sua cauda geralmente lembra uma cabeça. Apesar do nome, não são serpentes. Vivem enterradas no solo. A anfisbena-de-cauda-estranha é assim chamada por conta do formato de seu rabo, com uma ponta diagonal. Está ameaçada de extinção.

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Anotosaura collaris

Lagartinho-de-coleira

Onde ocorre: Serra da Jacobina, porção norte da Chapada Diamantina (Bahia).

Habitat: sob folhiço ou pequenas rochas em áreas altas com solo argiloso.

Tamanho: cerca de 4 cm de comprimento do corpo; a cauda pode medir mais de 6 cm.

Encontrada pela primeira vez em 1908, sua descoberta foi anunciada apenas em 1933. Só em 2013, novos exemplares foram encontrados. Por ainda ser pouco estudada, é uma espécie deficiente em dados.

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Bokermannohyla diamantina

Perereca-diamantina

Onde ocorre: Serra dos Barbados, em Abaíra, Chapada Diamantina, Bahia.

Habitat: riachos de matas de galeria rodeadas por campos rupestres.

Tamanho: cerca de 5 cm.

Conhecida para apenas uma localidade na Chapada Diamantina. Machos foram encontrados cantando à noite, em bromélias, frestas em rocha e mesmo no chão. Espécie rara e ainda pouco conhecida, sendo considerada deficiente em dados.

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Bokermannohyla martinsi

Perereca-de-Martins

Onde ocorre: Quadrilátero Ferrífero.

Habitat: riachos no interior de matas.

Tamanho: até 7 cm.

Encontrada no interior de matas próximas a campos rupestres do Quadrilátero Ferrífero, uma região ao sul da Serra do Espinhaço. Na época reprodutiva os machos desenvolvem um tipo de espinho nas mãos, que os ajudam a se segurar nas fêmeas. É uma espécie rara, e considerada quase ameaçada.

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Calyptommatus sinebrachiatus

Escrivão-do-São-Francisco

Onde ocorre: Dunas da margem direita do rio São Francisco, na Bahia.

Habitat: ambientes de solo arenoso.

Tamanho: XXX cm.

Embora pareça uma serpente, esse bichinho é um lagarto bem comprido, sem membros anteriores, e com membros posteriores em forma de estilete. É conhecido como escrivão por conta do rastro que deixa quando se locomove pela areia. Infelizmente, está ameaçado de extinção.

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Crossodactylodes itambe

Sapinho-do-Itambé

Onde ocorre: Pico do Itambé, localizado no Parque Estadual do Pico do Itambé.

Habitat: bromélias no campo rupestre.

Tamanho: cerca de 1,6 cm.

Este pequeno sapinho vive exclusivamente nas bromélias que crescem a cerca de 2 mil metros de altitude, nos campos rupestres do Pico do Itambé. Sua descoberta foi anunciada em 2013 e pouco se sabe ainda sobre sua biologia. Por isso, é considerado deficiente em dados.

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Enyalius erythroceneus

Papa-vento-da-chapada

Onde ocorre: Conhecido apenas para o distrito de Cascavel, em Mucugê, na Chapada Diamantina, Bahia.

Habitat: ambientes de mata (carrasco) acima de 1000 metros de altitude.

Tamanho: cerca de 9 cm de corpo e 18 cm de cauda.

Enquanto os machos possuem uma vistosa mancha vermelha nos lados do corpo, as fêmeas do papa-vento-da-chapada têm cor marrom-claro, com manchas escuras. É uma espécie ainda pouco estudada e ameaçada de extinção.

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Gymnodactylus vanzolinii

Lagartixa-de-Vanzolini

Onde ocorre: Serra de Sincorá, em Mucugê, Chapada Diamantina (Bahia).

Habitat: campo rupestre.

Tamanho: cerca de 5 cm de comprimento do corpo e mais 5 cm de cauda.

Esta pequena lagartixa pode ser encontrada em meio a frestas nas rochas de campo rupestre, a cerca de 1000 metros de altitude. Indivíduos são ativos à noite e se escondem durante o dia. Por ainda ser pouco estudada, é uma espécie deficiente em dados.

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Heterodactylus lundii

Cobra-de-patas

Onde ocorre: Serra do Espinhaço e Serra da Canastra, em Minas Gerais.

Habitat: campos rupestres e cerrados abertos.

Tamanho: até 6 cm de comprimento do corpo; a cauda pode medir mais de 10 cm.

Apesar do nome, este bichinho não é uma serpente, mas um lagartinho muito comprido e de patas bem curtas. É uma espécie rara e ameaçada de extinção, encontrada em poucos locais preservados, acima de 900 m de altitude.

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Heterodactylus septentrionalis

Cobra-de-patas-da-chapada

Onde ocorre: distrito de Cacavel, em Mucugê, Chapada Diamantina, Bahia.

Habitat: vegetação de carrasco.

Tamanho: até 5 cm de comprimento do corpo; a cauda pode medir mais de 10 cm.

Espécie rara, este lagartinho tem de corpo bem comprido, membros curtos e vive entre o folhiço no chão da mata.  Está ameaçada de extinção.

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Hydromedusa maximiliani

Cágado-da-serra

Onde ocorre: Mata Atlântica de São Paulo à Bahia.

Habitat: riachos de águas frias no interior de matas.

Tamanho: até 20 cm de comprimento.

Também conhecido como cágado-pescoço-de-cobra por causa do seu longo pescoço, esta espécie é considerada ameaçada de extinção em Minas Gerais. Os cágados-da-serra se deslocam poucos metros por dia e se alimentam principalmente de pequenos invertebrados.

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Leposternon kisteumacheri

Anfisbena-de-Kisteumacheré

Onde ocorre: conhecida apenas para os municípios de Matias Cardoso e Januária (Minas Gerais) e Jequié (Bahia).

Habitat: solos arenosos em floresta estacional decidual (“mata-seca”).

Tamanho: até 53 centímetros de comprimento.

Esta espécie apresenta uma cabeça em formato de uma pá, o que a torna uma excelente cavadora. Vive enterrada no solo e, apesar do corpo comprido e sem membros, não é uma serpente e não possui veneno. É uma espécie ameaçada de extinção.

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Phalotris concolor

Cobra-da-terra

Onde ocorre: Porção norte da Serra do Espinhaço (Cristália e Grão Mogol), além do noroeste de Minas Gerais e sudoeste da Bahia.

Habitat: interior de mata, próximo a cursos de água.

Tamanho: em média 50 cm de comprimento.

Espécie de hábitos subterrâneos, que parece ter preferência por ambientes à beira de riachos e rios. Sua biologia ainda é pouco conhecida, sendo considerada deficiente em dados.

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Philodryas laticeps

Cobra-cipó-de-boca-preta

Onde ocorre: Bolívia e Mata Atlântica do sudeste e sul do Brasil.

Habitat: florestas.

Tamanho: até 1,5 m de comprimento.

Espécie bastante rara, com poucos exemplares encontrados até hoje. Na Serra do Espinhaço há apenas um registro, em Mariana (MG), de quase 100 anos atrás. Uma das principais características desta espécie é a mucosa da boca preta. Sua biologia ainda é pouco conhecida, sendo considerada deficiente em dados.

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Physalaemus deimaticus

Rãzinha-quatro-olhos

Onde ocorre: Serra do Cipó.

Habitat: afloramentos rochosos no alto de serras.

Tamanho: até 2,5 cm.

Quando se sente ameaçada, esta rã enche os pulmões e deixa à mostra duas glândulas pretas na parte de trás das pernas, que lembram dois grandes olhos. Com esse comportamento ela tenta amedrontar possíveis predadores. Pouco se sabe sobre a biologia dessa espécie, e por isso ela é considerada deficiente em dados.

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Physalaemus maximus

Rã-berro-de-boi

Onde ocorre: Ouro Preto, Ouro Branco e, fora do Espinhaço, na Serra do Brigadeiro.

Habitat: folhiço próximo a brejos na borda de matas.

Tamanho: cerca de 5cm.

A rã-berro-de-boi ganhou este nome por causa do som do seu canto. É a maior dentre as cerca de 50 espécies do gênero Physalaemus– vem daí o ‘maximus’ do seu nome científico. Trata-se de uma espécie rara e considerada ameaçada de extinção.

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Placosoma cipoense

Lagartinho-do-Cipó

Onde ocorre: Serra do Espinhaço, no Parque Nacional da Serra do Cipó, Parque Estadual da Serra do Intendente,P. E. Pico do Itambé e P. E. de Biribiri.

Habitat: campos rupestres.

Tamanho: aproximadamente 7 cm de comprimento do corpo, mais 8 cm de cauda.

Descoberto em 1966, o lagartinho-do-Cipó é considerado uma espécie rara e ameaçada de extinção. Vive em troncos caídos e frestas de pedras nos campos rupestres a mais de 900 metros de altitude.

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Psilophthalmus paeminosus

Lagartinho-áspero

Onde ocorre: Da região de Xingó (Sergipe) a Grão Mogol (Minas Gerais).

Habitat: ambientes com solo arenoso.

Tamanho: cerca de 4cm de comprimento do corpo; a cauda pode medir até 6cm.

É um pequeno lagarto geralmente encontrados no folhiço sob arbustos, por vezes se enterrando até 30 cm no solo. Possui cauda avermelhada e o nome vem das escamas bastante ásperas. Pouco se sabe sobre sua biologia, sendo considerada espécie deficiente em dados.

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Rhachisaurus brachylepis

Lagartinho-do-Espinhaço

Onde ocorre: Parque Estadual de Grão Mogol, Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira, e Serra do Cipó.

Habitat: campos rupestres e savanas.

Tamanho: até6cm de comprimento do corpo; a cauda pode medir maisde 12cm.

O lagartinho-do-Espinhaço possui o corpo e a cauda muito longos e os membros curtos. Vive embaixo de troncos caídos, rochas e dentro de cupinzeiros. Quase nada se sabe sobre a biologia dessa espécie, e por isso ela é considerada deficiente em dados.

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Rodriguesophis chui

Muçurana-das-dunasé

Onde ocorre: dunas de Santo Inácio (Gentio do Ouro), margem direita do rio São Francisco, Bahia.

Habitat: solos arenosos em ambiente de dunas.

Tamanho: cerca de 37 centímetros de comprimento.

A muçurana-das-dunas é uma espécie rara e ainda pouco estudada. De hábitos noturnos, provavelmente se alimenta de lagartos, como outras espécies do gênero. Não oferece riscos ao ser humano, e está ameaçada de extinção.

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Scinax cabralensis

Perereca-do-Cabral

Onde ocorre: Serra do Cabral.

Habitat: poças, brejos e riachos em áreas de campos naturais.

Tamanho: até 2,5 cm.

Os machos desta espécie apresentam um canto curioso, que lembra o som emitido por um golfinho! Plantações de eucalipto e pinus na região onde vivem podem ameaçar a sobrevivência desta espécie. Tão pouco se sabe sobre sua biologia que a perereca-do-Cabral é considerada deficiente em dados.

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Espécies 'que saíram no ciclo'

Physalaemus erythros

Rã-

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Scinax pinima

Perereca

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Phyllomedusa ayeaye

Perereca

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Philodryas agassizii

Serpente-...

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Liophis maryellenae

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Heterodactylus imbricatus

Lagartinho-...

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Cercosaura schreibersii

Lagartinho-...

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Sternocercus tricristatus

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A Serra do Espinhaço

A área de abrangência do PAN Herpetofauna do Espinhaço engloba toda a Cadeia Montanhosa da Serra do Espinhaço (Eschwege 1822) nos Estados de Minas Gerais e Bahia. As espécies abrangidas pelo plano de ação são, em maioria, endêmicas dessa região. No entanto, algumas possuem uma distribuição mais ampla e ocorrem fora da Serra do Espinhaço, em regiões similares, como Heterodactylus lundii que está presente nos campos rupestres da Serra da Canastra.

Nos primeiros cinco anos de implementação, a área prioritária para execução das ações de conservação do PAN coincide com os limites geográficos e adjacências da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço.

Mapa interativo

Principais Ameaças

Para a conservação da herpetofauna da Serra do Espinhaço.

Em muitas regiões os campos rupestres e os campos de altitude, conjunto de ecossistemas da maior importância para anfíbios e répteis no Espinhaço, com biodiversidade riquíssima são, aparentemente, dissociados e facilmente identificáveis. Em certas áreas isso parece verdadeiro, mas o que se nota, da experiência do campo, é que são componentes do mesmo ambiente. Dissociar esses dois ambientes, portanto, é impraticável ecologicamente, pois são complementares e muitas vezes interpenetrados, formando mosaico complexo e de difícil caracterização.

A altitude não é útil para caracterizar os campos rupestres, pois ocorrem, na Serra do Cipó, desde cerca de 740 metros de altitude, em meio à Mata Atlântica e ao Cerrado, até 1.700 metros, no domínio da Mata Atlântica. No Pico do Itambé, extremo altitudinal do Maciço do Espinhaço, nos municípios de Santo Antônio do Itambé, Serra Azul de Minas e Serro, o campo rupestre avança até aproximadamente 2.062 metros no cume.

No caso da Serra do Cipó, o Decreto que criou a Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira, unidade de conservação federal (Decreto 98.891, de 26 de janeiro de 1990), impôs restrições severas à edificação nesses ambientes, tratados como “Zona de Vida Silvestre”, devido à forte pressão para liberação de edificações no alto da Serra. Destruir os campos de altitude, permitindo neles edificação e drenagem, é ameaçar ainda mais os anfíbios, répteis e o restante da biota da Serra do Cipó e em outras regiões do Espinhaço, regiões nas quais a pressão para exploração de assentamentos de veraneio é também muito forte.

Estradas são ameaças importantes para populações de vertebrados. O impacto principal é o atropelamento frequente de répteis e anfíbios em diversas rodovias do Maciço do Espinhaço e de seu entorno imediato. Um estudo recente conduzido ao longo de um trecho da MG-010, entre o Parque Estadual do Sumidouro e o Parque Nacional da Serra do Cipó, demonstrou que motoristas tendem a atropelar serpentes propositalmente .

Outros efeitos prejudiciais da construção e operação de estradas consistem na valorização das regiões vizinhas, tornando-os mais atrativas à ocupação para propriedades de veraneio; aumento de ruídos que pode afetar a atividade de anfíbios, especialmente a reprodução, dificultando a formação de pares reprodutivos; assoreamento de mananciais (matas e brejos) e córregos, importantes para muitos anfíbios; e poluição dos cursos d’água, especialmente por hidrocarbonetos, podendo afetar larvas e adultos de anfíbios.

Estradas são, normalmente, focos para introdução acidental ou proposital de espécies exóticas invasoras de ecossistemas naturais. A “leucena” (Leucaena leucocephala, Leguminosae) é um exemplo preocupante, observada na MG-10, junto ao Parque Nacional da Serra do Cipó, e na estrada interna do Parque Estadual da Serra do Rola Moça, foi listada pela IUCN como uma das cem piores espécies invasoras do mundo.

A fragmentação de habitat pode ser altamente desfavorável para populações de anfíbios, ao aumentar a predação e desidratação de indivíduos que realizam pequenas migrações sazonais entre áreas utilizadas para alimentação e refúgio e áreas de reprodução, como cursos d’água (Becker et al. 2007, 2010). Um estudo recente mostrou que o efeito de borda criado pela fragmentação afeta a herpetofauna de maneira significativa. Basicamente, a abundância das populações de anfíbios e répteis diminui com a aproximação da borda (Schneider-Maunoury et al. 2016). O desmatamento, autorizado ou ilegal, é realizado no Maciço do Espinhaço, e em seu entorno, para fins de criação de gado, agricultura, expansão de áreas urbanas, mineração, abertura e modernização de rodovias, estabelecimento de empreendimentos turísticos e outras atividades. Todas devem ser fiscalizadas e disciplinadas pelos poderes municipais, estaduais e federais.

As matas ligadas ao Espinhaço são geralmente semidecíduas, com deciduidade muito variável e florística muito rica, quase sempre relacionada com a flora do Brasil oriental (vertente atlântica), podendo ser caracterizadas como “Mata Atlântica” , conectadas a matas de altitude e matas de neblina. As matas pujantes da encosta oriental da Serra do Cipó têm sido desmatadas para criação de gado e para estabelecimento de bananais. A legislação federal que impede a supressão da mata atlântica (Lei 11.428, de 2006, regulamentada pelo Decreto 6.660, de 2008, pela Resolução CONAMA 388, de 2007, e pela Resolução CONAMA 392, de 2007) não protege as matas ligadas ao Espinhaço, pois define oficialmente a Mata Atlântica não por sua estrutura e sua florística, mas por mapa elaborado pelo IBGE. Assim, nessas áreas, autorizações para desmate (supressão de vegetação) poderão ser concedidas, ainda que, pela Constituição Federal, a Mata Atlântica deva ser protegida.

Bromélias, cactos e orquídeas ornamentais de espécies raras, endêmicas e ameaçadas são frequentemente destruídas e coletadas (Lago Paiva 2004). Plantas com rosetas em copo são muito importantes, e mesmo vitais, para várias espécies de anfíbios (Eterovick & Sazima 2004), sendo também muito procuradas como abrigo e fonte de água por diversas espécies de serpentes, além de insetos, aracnídeos e aves. É o caso de Aechmea bromeliifolia, Aechmea nudicaulis, Aechmea phanerophlebia, Alcantarea turgida, Neoregelia bahiana e Vriesia atropurpurea, entre as bromeliáceas, e a eriocaulácea Paepalanthus bromelioides, entre espécies importantes do Espinhaço meridional.

A agricultura e a pecuária extensivas, com lotação excessiva e sem aplicação de técnicas modernas de gerenciamento de conservação do solo, tem levado áreas extensas do Maciço do Espinhaço a situações críticas de erosão, com exposição do subsolo por erosão superficial (laminar), formação de sulcos profundos e de voçorocas verdadeiras, “terras caídas” (Figura 12), levando à perda irreversível de habitat, ao assoreamento de matas e de cursos d’água e lagoas, e à turbação de lagoas, córregos e rios.

A silvicultura é atividade agrícola crescente em Minas Gerais. No Maciço do Espinhaço, o clima contra recomenda seu plantio, viável apenas em altitudes moderadas e em áreas de solos eutróficos e profundos. Na Serra do Cabral, a oeste do Planalto de Diamantina, essa prática já causou a perda de milhares de quilômetros quadrados em baixas altitudes no Espinhaço e em seu entorno imediato.

Os campos naturais do Maciço do Espinhaço têm sido utilizados para criação de animais domésticos desde o início da colonização de Minas Gerais, no fim do século XVIII. As “vacarias” úmidas (campos rupestres), que forneciam capim verde todo o ano, ainda que de baixa qualidade, eram queimadas ao menos uma vez por ano, para a produção dos renovos de capins (Poaceae).

O gado revolve o solo das áreas úmidas (turbação), destrói a vegetação e elimina plantas delicadas, o que interfere na infiltração da água, afetando os cursos d’agua, que tem sua vazão reduzida. O gado bubalino é especialmente danoso aos ambientes úmidos.

Animais domésticos também são dispersores eficientes de muitas espécies de plantas exóticas invasoras, que podem invadir fortemente áreas úmidas.

Os cães utilizados por boiadeiros podem impor impactos severos aos animais nativos, especialmente às espécies endêmicas: pequenos lagartos, serpentes e aves que utilizam o solo e os afloramentos rochosos são presas frequentes. A forte presença dos vaqueiros pode, ainda, ter efeito vandálico sobre répteis de portes médio e grande, outrora abundantes. Cabras e ovelhas são especialmente danosas aos ecossistemas de altitude e íngremes, pois seu aproveitamento da forragem é muito mais eficiente que dos bois, búfalos e cavalos, pastando rente ao solo e, frequentemente, arrancando as touceiras. Cabras são invasoras frequentes na porção norte do Espinhaço (norte de Minas Gerais e Bahia), merecendo atenção e cuidados dos administradores de áreas naturais.

A quitridiomicose é uma doença infecciosa causada pelo fungo Batrachochytrium dendrobatidis (Bd). Patógeno generalista, o Bd infecta diversas espécies e se espalha rapidamente na natureza, tendo sido apontado como um dos principais responsáveis pelo declínio de populações de anfíbios ao redor do mundo. A quitridiomicose atinge as partes queratinizadas do aparelho bucal dos girinos, enquanto nos adultos causa a proliferação de queratina na pele, afetando a regulação osmótica e iônica e levando à morte. No Brasil, anuros infectados por Bd já foram registrados na Mata Atlântica, Amazônia e Cerrado (Toledo et al. 2006; Lisboa et al. 2013; Ramalho et al. 2013; Valencia-Aguilar et al. 2015).

A ocorrência do fungo Bd em espécies de anuros na região do Espinhaço tem sido investigada. No Parque das Mangabeiras, uma área de preservação de formações típicas de Cerrado e Mata Atlântica, em região urbana do município de Belo Horizonte foram analisados girinos e adultos de anuros para verificar a presença do fungo. Discos orais de quatro espécies de girinos com deformidades e amostras de pele ventral de adultos foram submetidos a análises histológicas, para avaliar a presença de Bd . Apenas os girinos apresentaram contaminação, dentre eles da espécie Hylodes uai, cuja localidade tipo é o Parque das Mangabeiras. Este é o primeiro registro de infecção por B. dendrobatidis em uma localidade na transição dos domínios do Cerrado e Mata Atlântica e no Espinhaço.

Espécies da fauna nativa têm sido utilizadas como alimento por populações tradicionais ao longo do Maciço do Espinhaço e em regiões adjacentes desde tempos pré-históricos. Na Serra do Cipó algumas espécies de répteis e anfíbios utilizadas são a rã-manteiga (Leptodactylus latrans), a jiboia (Boa constrictor), a jiboia-arco-íris (Epicrates crassus), a caninana (Spilotes pullatus) e o teiú/tiú (Salvator merianae). O couro do tiú, moqueado e depois assado, é ocasionalmente utilizado no tratamento de asma; “rãs” e “pererecas” são comumente capturadas para servir de iscas na pesca com anzol (José Alves Costa Filho, com. pess.). Na Serra do Ouro Branco, o couro é utilizado – hoje menos frequentemente que no passado – para o tratamento de dores lombares (Lana Pinto et al. 2015).
Serpentes são sistematicamente mortas por boa parte da população ao longo do Espinhaço quando encontradas (Figura 14), independentemente de sua periculosidade. A sucuri (Eunectes murinus), que antes habitava áreas úmidas da Serra do Cipó (José Alves Costa Filho, com. pess.) não foi encontrada recentemente. Na Serra do Ouro Branco, lagartos serpentiformes como Heterodactylus imbricatus e Ophiodes striatus são usualmente mortos por serem confundidos com serpentes (Lana Pinto et al. 2015). Existe uma relação inversa entre o grau de escolaridade e a hostilidade contra as serpentes, sendo que pessoas menos instruídas tendem a considerar todas as serpentes como perigosas (Moura et al. 2010). Frente a esse problema, atividades de conscientização e educação ambiental com comunidades são importantes para reduzir a mortalidade desses animais e desmistifica-las (Moura et al. 2010).

A atividade minerária de maior impacto no âmbito do Espinhaço é a exploração do minério de ferro, especialmente entre Congonhas do Campo, Ibirité, Itabirito e Nova Lima, no centro do Estado. Vastos ambientes de Mata Atlântica e de campos de canga já foram destruídos irreversivelmente.

A frente minerária está se expandindo para as regiões de Morro do Pilar e Alvorada de Minas, e para a Serra do Gandarela, no Espinhaço central, onde ocorrem mata atlântica e campos rupestres. Um dos impactos mais significativos da exploração ferrífera é o esgotamento dos mananciais, com aprofundamento dos lençóis freáticos e extinção de nascentes, com impactos imprevisíveis sobre a flora e a fauna associada a ambientes úmidos.

A extração do quartzito como material de construção e ornamental é uma ameaça crescente no maciço do Espinhaço. Os ambientes rupestres das serras são, assim, privados de um de seus elementos ecológicos mais importantes, pois os afloramentos rochosos determinam campos rupestres muito especializados, com espécies vegetais e animais deles dependentes. As rochas fornecem abrigo para répteis e anfíbios, além de ambiente para reprodução de espécies como a rã Thoropa megatympanum (Eterovick & Sazima 2004).

Atividades de garimpo de ouro, diamante e pedras preciosas, potencialmente danosas para a herpetofauna são frequentes no Espinhaço. O garimpo de diamante, que foi reprimido na Serra do Cipó, subsiste como artesanal no Planalto de Diamantina, mas o garimpo de grande impacto, com utilização de dragas, antes muito frequente e destrutivo para os ambientes de fundo de vale, além de redutor da qualidade da água fluvial (Pedreira 2005; Silva & Pedreira 2005), tende a desaparecer, graças à fiscalização estadual (SEMAD) e federal (IBAMA, ICMBio, Polícia Federal).

Áreas protegidas têm sido reconhecidas por sua importância na conservação da biodiversidade (Mittermeier et al. 2005; Haddad 2008; Martins & Molina 2008; Le Saout et al. 2013). O estabelecimento de áreas protegidas é uma ação prioritária para conservação de répteis e anfíbios do Espinhaço Meridional e da Serra do Cabral, consideradas como de importância biológica especial em Minas Gerais (Drummond et al. 2005). As espécies mais afetados pelas mudanças climáticas, como aquelas endêmicas de altitudes elevadas, deveriam ter refúgios ecológicos garantidos, sendo necessário melhor planejamento e demarcação realista das unidades de conservação existentes (Haddad 2008).

A representatividade das unidades de conservação no Espinhaço ainda é pequena, estando alguns sistemas naturais mal representados nas unidades até agora criadas. Matas semicaducifólias úmidas e áreas úmidas são exemplos de sistemas naturais com pequena representatividade atual. A ampliação das unidades de conservação tende a torná-las mais representativas e mais eficientes na conservação de répteis e anfíbios, além de outros organismos.

A extensão territorial reduzida e a baixa representatividade dos diversos ecossistemas regionais nas unidades de conservação podem prejudicar o estabelecimento de populações de espécies de portes médio e grande, espécies de baixa densidade ecológica e espécies mais especializadas. O isolamento das unidades de conservação, que tende a crescer com a destruição paulatina das áreas intermédias, reduz sua eficácia de proteção. A conectividade entre áreas protegidas é fundamental para permitir a existência de populações viáveis de espécies de alguma forma ameaçadas.

O Espinhaço ainda conta com pequeno número de áreas protegidas enquadradas como de proteção integral, quer federais, estaduais ou municipais. Há a necessidade de criação de novas unidades de conservação de proteção integral na região de Belo Horizonte, entre Sabará e Ibirité (mais afetado pela urbanização e pela mineração) e nas Serras da Moeda e da Calçada, para se somarem ao pequeno, mas significativo Parque Estadual da Serra do Rola Moça.

A criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs; Decreto 98.914, de 31 jan. 1990) é uma estratégia nova e eficiente de conservação da natureza no Brasil. O aspecto mais relevante dessas unidades é que oficializam iniciativas espontâneas de conservação de áreas naturais pelos proprietários (Camargos 2001; Vieira 2004; Dourojeanni & Pádua 2007; Leitão 2012). A efetividade das RPPNs na conservação de paisagens, ecossistemas, espécies ameaçadas e serviços ambientais é bastante conhecida (Vieira 2004). Sua importância torna-se ainda maior quando abrangem áreas extensas, protegem ecossistemas ameaçados, são contíguas a outras unidades de conservação de proteção integral e quando são interligadas a outras áreas naturais, legalmente protegidas ou não (por exemplo, por matas ciliares bem conservadas, por áreas de recomposição da vegetação natural e por campos sem gado). As unidades de conservação de domínio privado ainda são poucas no Espinhaço, mas protegem, em muitos casos, populações de espécies endêmicas. 

Por fim, vários problemas são comuns a quase todas as unidades de conservação no Brasil (Onaga & Drumond 2007), como falta de resolução do apossamento da terra pelo Estado (problemas fundiários), a falta de estrutura física, contingente reduzido de funcionários, pouco apoio à pesquisa científica, ausência de programas de educação para a conservação (especialmente para visitantes) e relacionamento conflituoso com as comunidades do entorno.

Diversos impactos de atividades turísticas já foram constatados em unidades de conservação e em outras áreas naturais no Espinhaço. Soluções para o problema dos impactos turísticos em unidades de conservação incluem: 1. Campanhas permanentes de educação e informação; 2. Estudo prévio de impactos em atividades a serem liberadas, com participação de pesquisadores e especialistas; 3. Incentivo ao desenvolvimento do turismo científico e especializado (observação, fotografia e gravação de aves, répteis e mamíferos, fotografia de plantas e paisagens, filmagem, pintura); 4. Fiscalização efetiva, rotineira e presente.

A insuficiência das pesquisas científicas aplicáveis à conservação é problema nacional. Exceto possivelmente pelos crocodilianos, o número de espécies de répteis e anfíbios brasileiros é ainda subestimado, e anualmente dezenas de novas espécies são descritas (Segalla et al. 2014; Costa & Bérnils 2015). Informações sobre a história natural de muitas espécies ainda são escassas, e para outras, completamente ausentes.

Para sanar lacunas de conhecimento existentes, a investigação científica é considerada uma ação prioritária para conservação de répteis e anfíbios do Espinhaço (Drummond et al. 2005). Mas, os inventários sofrem de viés espacial, concentrados nas proximidades de vias de acesso, o que interfere nosso conhecimento acerca da biodiversidade (Oliveira et al. 2016). Mesmos analisadas em conjunto, as coleções científicas falham em representar muitas áreas-chave e ecossistemas. Como exemplo, a análise de 544 de 1.011 títulos de publicações entre 1831 e 2005, de pesquisas realizadas na Serra do Cipó (Madeira et al. 2008), mostra ênfase nos estudos botânicos; 75% tratavam de organismos amostrados à beira de estradas, enquanto apenas 17% deles foram obtidos dentro do Parque Nacional da Serra do Cipó. Há grande concentração de pesquisas nos campos rupestres e na vertente ocidental da Serra do Cipó, sendo as várias fisionomias do Ccerrado e da Mata Atlântica pouco amostradas. 

Em se tratando de regiões com incidência de endemismos, o registro preciso das coordenadas é ferramenta importante no mapeamento das ocorrências de espécies, permitindo o planejamento da conservação, como a determinação de prioridades na seleção de áreas para estabelecimento de novas unidades de conservação e de áreas para ampliação de unidades de conservação já estabelecidas. Mesmo espécies endêmicas localmente comuns podem ter sua real identidade confundida por anos, como o lagarto Ameivula cipoensis, que só veio a ser reconhecido como espécie distinta de A. ocellifera recentemente (Arias et al. 2014), mas pouco ainda se sabe sobre sua autoecologia (Filogonio et al. 2010).

Incêndios naturais, provocados por raios, são raros, mas ocorrem pontualmente. Normalmente, são pouco destrutivos, por ocorrerem na estação chuvosa. Também podem ser causados de outras formas, intencionais ou não, podendo atingir e destruir milhares de hectares de vegetação natural, especialmente de campos rupestres.

Os impactos dos incêndios são severos, com destruição da vegetação, eliminação progressiva e rápida de plantas intolerantes ao fogo, favorecimento de plantas nativas oportunistas e de plantas exóticas invasoras, a morte de animais, redução da zoomassa de presas, perda de vegetação sombreadora, intensificação dos processos erosivos naturais, e contaminação dos pequenos cursos d’água por cinzas e partículas carbonizadas (Figura 15).

As matas são suscetíveis ao fogo, permitindo a invasão das áreas queimadas pela samambaia Pteridium aquilinum (Dennstaedtiaceae), espécie exótica oportunista que atrasa sobremaneira a regeneração silvestre e polui os cursos d’água com substâncias teratogênicas e cancerígenas (Matos et al. 2011), potencialmente deletérias para peixes, anfíbios e o homem. Matas de altitude e as matas da encosta oriental do Espinhaço são ricas em espécies vegetais e animais, endêmicos e raros, que desaparecem regionalmente com a destruição do habitat.

Áreas úmidas, como córregos, rios, lagoas, banhados, matas de mananciais, olhos d’água e “fervedouros” também são especialmente sensíveis a incêndios, abrindo espaço para colonização de plantas exóticas. Após a passagem do fogo nota-e forte contaminação das áreas úmidas por cinzas e carvão, com eutrofização, alteração do pH e esgotamento do oxigênio dissolvido, o que é especialmente prejudicial em ambientes lênticos, como brejos e lagoas, e acarreta em grande prejuízo às populações animais como anfíbios e insetos aquáticos, que dependem diretamente da qualidade da água para sua sobrevivência. 

A formação de brigadas de voluntários é uma ferramenta importante no auxílio para a contenção dos incêndios que ameaçam os campos rupestres e as matas da cordilheira e de seu entorno. Essas brigadas podem ser formadas por moradores ou interessados, treinados pelo ICMBio ou pela Força-Tarefa do Programa de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais – PREVINCÊNDIO (da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais), no entorno das unidades de conservação e nas regiões prioritárias para a conservação no âmbito do maciço do Espinhaço. 

Grupo de apoio técnico

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